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Numa Noite de Verão da Filho único
o FarO apresenta
O Nascimento de um Ratão Bem-Americano
Com retratos regionais por
Martim Avillez, Bárbara Fonte, Alexandre Estrela, Gabriel Abrantes
E acompanhamento musical de
Com retratos regionais por
Martim Avillez, Bárbara Fonte, Alexandre Estrela, Gabriel Abrantes
E acompanhamento musical de
Violeta Azevedo, Borja Caro, Ian Duclos
Desde 1934 que a Disney exporta para os cantos do mundo as histórias de um pato irresponsável e preguiçoso, que espera, um dia, herdar de um tio milionário uma fortuna ganha à custa da exploração desenfreada do planeta. Enquanto as crianças deste resto-do-mundo-a-Sul se reviam nas patetices do pato, as americanas veneravam um todo-poderoso Rato. Modelo reduzido de um adulto ponderado, filho só de pai, o menino-rato era o paladino da simpatia e da lei, justo e imparcial, voluntarioso e altruísta, profeta pacífico e agente, por vezes armado, regulador dos conflitos mundiais. Este ratão emancipado da corrida do rato comum era o derradeiro guardião dos interesses de um clube bem-americano.
Em 1971, durante a revolução socialista chilena de Salvador Allende, Ariel Dorfman e Armand Mattelart publicaram Como Ler o Pato Donald, um ensaio que desmascarava as personagens fofinhas da Disney enquanto agentes infiltrados ao serviço da propaganda ideológica norte-americana. Dois anos mais tarde, com o apoio secreto dos Estados Unidos, dá-se o golpe militar de Pinochet, que obriga os autores ao exílio. O livro, entretanto traduzido em várias línguas, foi proibido e queimado durante 17 anos de regime -– um sinal claro do incómodo que este manual de descolonização provocava ao revelar o esqueleto imperialista. Escondido no rasgo da boca do rato estava um esgar predatório animal, e na sua luva branca o punho de ferro do capitalismo. Hoje, num mundo de patos bravos, é mais difícil vender o benfazejo clube americano. Com as garras afiadas à mostra, o ratão pode finalmente tirar a máscara.
Em 1971, durante a revolução socialista chilena de Salvador Allende, Ariel Dorfman e Armand Mattelart publicaram Como Ler o Pato Donald, um ensaio que desmascarava as personagens fofinhas da Disney enquanto agentes infiltrados ao serviço da propaganda ideológica norte-americana. Dois anos mais tarde, com o apoio secreto dos Estados Unidos, dá-se o golpe militar de Pinochet, que obriga os autores ao exílio. O livro, entretanto traduzido em várias línguas, foi proibido e queimado durante 17 anos de regime -– um sinal claro do incómodo que este manual de descolonização provocava ao revelar o esqueleto imperialista. Escondido no rasgo da boca do rato estava um esgar predatório animal, e na sua luva branca o punho de ferro do capitalismo. Hoje, num mundo de patos bravos, é mais difícil vender o benfazejo clube americano. Com as garras afiadas à mostra, o ratão pode finalmente tirar a máscara.
A ilustração acima foi feita a partir de uma gravura de Martim Avillez, de 1973.
Esta sessão teve o generoso apoio dos artistas envolvidos, das galerias Ratton e Francisco Fino, de Gwenn Thomas e Joana Avillez.Este evento não está afiliado com a Walt Disney Productions, e todos os materiais são usados sem a sua autorização.
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On a Filho Único’s Summer Night
farO presents
The Birth of an All-American Rat
With regional portraits by
Martim Avillez, Bárbara Fonte, Alexandre Estrela, Gabriel Abrantes
And musical accompaniment by
Violeta Azevedo, Borja Caro, Ian Duclos
Since 1934, Disney has exported to the far corners of the world the stories of an irresponsible and lazy duck who hopes one day to inherit from a millionaire uncle a fortune earned at the expense of the planet’s unbridled exploitation. While children in this south-end-of-the-world saw themselves in the duck’s duckery, American children revered an almighty Rat. A reduced model of a thoughtful adult, his father’s son, the boy-rat was the paladin of kindness and law, just and impartial, determined and altruistic, a peaceful prophet and, at times, an armed agent regulating global conflicts. The big rat, emancipated from the commoners rat race, was the ultimate guardian of an all-American club.
farO presents
The Birth of an All-American Rat
With regional portraits by
Martim Avillez, Bárbara Fonte, Alexandre Estrela, Gabriel Abrantes
And musical accompaniment by
Violeta Azevedo, Borja Caro, Ian Duclos
Since 1934, Disney has exported to the far corners of the world the stories of an irresponsible and lazy duck who hopes one day to inherit from a millionaire uncle a fortune earned at the expense of the planet’s unbridled exploitation. While children in this south-end-of-the-world saw themselves in the duck’s duckery, American children revered an almighty Rat. A reduced model of a thoughtful adult, his father’s son, the boy-rat was the paladin of kindness and law, just and impartial, determined and altruistic, a peaceful prophet and, at times, an armed agent regulating global conflicts. The big rat, emancipated from the commoners rat race, was the ultimate guardian of an all-American club.
In 1971, during Salvador Allende’s socialist revolution in Chile, Ariel Dorfman and Armand Mattelart published How to Read Donald Duck, an essay that unmasked Disney’s cuddly characters as covert agents in the service of U.S. ideological propaganda. Two years later, with secret support from the United States, Pinochet’s military coup forced the authors into exile. The book, meanwhile translated into several languages, was banned and burned for 17 years during the dictatorship – a clear evidence of the discomfort this decolonial manual provoked by exposing the imperialist skeleton. Hidden in the rat’s smile lied a predatory scowl, and beneath his white glove was the iron fist of capitalism. Today, in a world of dirty rats, it’s harder to sell the do-gooder American club. With gloves off and sharp claws in plain sight, the big rat can finally drop his mask.
The illustration above is based on a 1973 engraving by Martim Avillez.
This session was made possible by the generous support of the contributing artists, Ratton and Francisco Fino galleries, Gwenn Thomas and Joana Avillez. This event is not affiliated with Walt Disney Productions and all materials are used without their consent.
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